Alunos do 5º Período do Curso de Letras Da Faculdade São MIguel

Alunos do 5º Período do Curso de Letras Da Faculdade São MIguel

sábado, 16 de junho de 2012

Estudo Dirigido Literatura Brasileira.


                                          

Estudo Dirigido


 

Discorra sobre a noção de Realismo de Machado de Assis e a concepção de leitor na obra desse autor.Com seus contos, Machado de Assis passa a integrar a brilhante tradição de contistas da Literatura Ocidental, como o russo Anton Tchecov ou o francês Guy de Maupassant que, a partir do final do século XIX, escreveram narrativas curtas retratando momentos especiais, "fatias de vida" reveladoras do cotidiano e da psique de homens comuns. Machado de Assis fez do conto um veículo perfeito para realizar sua concepção muito particular do que seria o Realismo na Literatura.

 

Machado atinge o ponto mais alto da prosa realista, e que dessa forma o escritor  alcança uma superioridade ao realismo da época. O autor pratica um realismo de sondagem moral, enquanto os outros realistas do período faziam uma ficção de sondagem apenas naturalista. (BOSI, 2004)

 

Nessas narrativas curtas, descobrimos os mesmos temas e os procedimentos literários (ainda mais depurados) que fazem dos romances de Machado de Assis pontos cardeais de nossa Literatura. Ora, se inicialmente (como em Dom Casmurro) pensamos ser a questão central do conto um dado de enredo (o adultério), logo percebemos o interesse real do escritor: deslocar nossa atenção para o efeito que esse dado provoca na vida interior do personagem.

Podemos perceber que boa parte dos contos (e da obra literária) de Machado de Assis reflete o tenso diálogo entre o social e o individual que está por trás da passagem da estética romântica para a estética realista. O escritor, avesso a classificações e conclusões acabadas, preferiu, por meio de suas histórias, refletir criticamente acerca dos impasses da Literatura e do homem de sua época.

Sobre os mecanismos de opressão podemos perceber que a intenção do autor em analisar as cruéis relações de dominação entre seres iguais, todos subjugados por um sistema político e social marcado pelo autoritarismo, mas que não hesitam em reproduzir e legitimar a opressão de que são vítimas.

A arte deixou de ser apenas um espaço de evasão e também incluiu em suas funções a possibilidade da tomada de consciência por meio do distanciamento do objeto artístico. Quando Machado de Assis dialoga com o leitor, seja para comentar o teor de um capítulo ou para antecipar um acontecimento que só concretizar-se-á num momento posterior, está rompendo a linearidade narrativa e içando o leitor a outro plano. Assim, antecipa a atitude autocrítica dos modernistas.

A discussão sobre os procedimentos de construção do texto deixa claro que o romance não pretende iludir o leitor, tratando a obra como uma realidade aparente. Ao contrário, esta postura lança uma espécie de pacto entre o leitor e o narrador: “eu sei que você está lendo e você sabe que eu estou escrevendo”. Ambos sabem que aquela é uma obra de ficção.

Para Barthes (1999), o “texto de fruição” provoca desconforto, uma crise na relação com a linguagem, pois leva o leitor a questionar seus valores sociais e culturais. Enquanto alguns apenas passam as páginas em busca da sucessão de acontecimentos a fim de se deparar com o grand finale, outros sabem que uma obra é apenas o início de uma série de reflexões. O final não constitui o encerramento de um ciclo. Não há uma resposta a ser encontrada, mas infinitos caminhos. 

 

...leiam depressa, por fragmentos, um texto moderno, esse texto torna-se opaco, perempto para o nosso prazer: vocês querem que ocorra alguma coisa, e não ocorre nada; pois o que ocorre à linguagem não ocorre ao discurso: o que “acorre”, o que  “se vai”, a fenda das duas margens, o interstício da fruição, produz-se no volume das linguagens, na enunciação, não na seqüência dos enunciados: não devorar, não engolir, mas pastar, aparar com minúcia, redescobrir... (BARTHES, 1999, p.20)


 

Talvez o que se possa guardar de mais significativo da leitura dos contos de Machado de Assis é a impossibilidade de respostas prontas e acabadas diante do mistério essencial que habita o ser humano e que responde pela motivação de muitos de seus atos.

Em uma época de teorias científicas e sociais que pretendem dar conta do real, como é o momento do Realismo na Literatura ocidental, a voz dissonante do genial Machado de Assis ousa abdicar das certezas e instaurar o universo do desconhecido que preside a alma humana.


Levando em consideração o romance Germinal, de Zola, como também algumas apreciações criticas referentes a estéticas naturalista, disserte sobre os princípios artísticos dessa escola.

Denomina-se naturalismo o movimento artístico que se propõe empreender a representação fiel e não idealizada da realidade, despojada de todo juízo moral, e vê a obra de arte como uma "fatia da vida". O ideólogo da estética naturalista foi o escritor francês Émile Zola que afirma:

 

O progresso acelerado das ciências naturais, o amadurecimento da ideologia positivista e a culminação do realismo abriram caminho, no final do século XIX, para a afirmação da estética naturalista. (ZOLA, 1880)


 

Comparando-o com as obras literárias observamos de imediato que o mesmo trata de centraliza-se no movimento realista - naturalista. A objetividade com relação às tomadas de decisões, os ideais propostos que eram votados para a massa popular, deixa bem claro essa verdade. 

A obra literária naturalista adotou teorias científicas, como a da hereditariedade, para explicar os problemas sociais, contemplados com acentuado pessimismo, e a infelicidade dos indivíduos. Os romances naturalistas se destacam, também, pela franqueza sem precedentes com que tratam os problemas sexuais. Na técnica e no estilo, os naturalistas levaram às últimas conseqüências os postulados do realismo. Acima de tudo, buscaram dar o máximo vigor aos métodos de observação e documentação, e tornaram mais precisa a reprodução da língua falada. Na criação do personagem, o naturalismo optou pela generalização de casos excepcionais e escolheram psicopatas e alcoólatras para protagonizar seus romances, marcados por situações extremas de degenerescência e miséria.

Podemos falar também que o filme, assim como nas obras naturalistas a razão prevalecia muito às emoções, a arte de modificar a realidade era vista injustamente pelo poder dominante. Os próprios funcionários da mina sempre questionavam seus direitos perdidos, porque para a classe burguesa isso não valeria de nada. Seus objetivos financeiros estavam acima dos propósitos dos trabalhadores. 

As personagens sofrem influências dos intelectuais da Europa, o simples modo de vida da classe operária muda a partir desses novos ideais: teorias cientificistas, positivismo, evolucionismo e o determinismo.

Os escritores desse período procuram descrever com maior realidade os costumes e as relações entre os seres humanos. O que prevalecia na época era a dominância de uma classe sobre a outra. A cidadania ameaçada pelas relações de produção fizera com que um grupo social não mais aceitasse passar necessidades e privações pela falta de igualdade. Aqui percebemos uma característica típica das obras realistas-naturalistas: a burguesia dominando sobre o assalariado.

Os senhores eram proprietários da força de trabalho (dos escravos), dos meios de produção (terras, pão, minas, instrumentos de produção) e do produto do trabalho.

A burguesia possui as minas ou as fábricas, os meios de transportes, as terras, os bancos etc. O trabalhador não é obrigado a ficar sempre na mesma terra ou na mesma situação: “ele é livre” para não trabalhar, mas na prática precisam trabalhar para não morrer de fome.

Concluímos que os realistas eram anti-românticos, objetivos e racionalistas. Postulava a primazia da razão sobre o sentimento, fato esse percebido nas relações amorosas. A mulher era símbolo de prazer e não de amor. Situações de venda e trocas colocavam-a igual ou menor a mercadoria.

Reflita sobre as inovações, no âmbito da recepção literária, promovidas pelas poéticas parnasianas e simbolistas.

Nas últimas décadas do século XIX, várias correntes literárias inovadoras, entre elas o Parnasianismo apresentou parâmetros de criação artística que se contrapunham aos então já desgastados valores românticos. Enquanto na prosa o Realismo e o Naturalismo apresentavam novas maneiras de produzir ficção, calcadas na análise objetiva da realidade social e humana, no âmbito da poesia o movimento parnasiano voltava-se principalmente para o culto da forma, afastando-se dos problemas sociais do período. A busca da objetividade temática e o culto da forma são as mais importantes características do Parnasianismo. Essa poética da impessoalidade era reforçada pelo gosto da descrição e do rigor formal. O ideal da "arte pela arte" resultou em acentuada preocupação com a versificação e a metrificação, pois se acreditava que a Beleza residia também na forma.

O apego dos parnasianos ao rigor gramatical e ao rebuscamento da linguagem teria contribuído segundo Antonio Candido, "para lhes dar voga e credibilidade, pois facilitava o entrosamento com as aspirações dominantes da cultura oficial".

 

"O Parnasianismo é o estilo das camadas dirigentes, da burocracia culta e semiculta, das profissões liberais habituadas a conceber a poesia como ‘linguagem ornada’, segundo padrões já consagrados que garantam o bom gosto da imitação”

Alfredo BOSI. História concisa da literatura brasileira. 3ª ed. São Paulo: Cultrix, 1985.

 

O fato de a Academia Brasileira de Letras (1897) apresentar adeptos do Parnasianismo entre a maioria de seus fundadores pode também ter colaborado, segundo vários críticos, para a "oficialização" e para a extensão cronológica da escola, cujo prestígio enfraqueceu apenas depois dos duros ataques desferidos pelos poetas modernistas. Hoje, porém, as críticas de autores e pensadores ligados ao Modernismo estão sendo revistas, e o maior distanciamento permite avaliar, talvez com mais imparcialidade, as qualidades e os problemas do Parnasianismo.

A publicação de Broquéis e Missal (1893), de João da Cruz e Souza, inaugura este movimento Simbolista, que se caracteriza por melancolia, gosto dos ritmos fluidos e musicais, incluindo o uso de versos livres; uso de imagens incomuns e ousadas. O cuidado na evocação das cores e de seus múltiplos matizes mostra, também, uma influência do Impressionismo.

No Brasil, onde o Parnasianismo dominava o cenário poético, a estética simbolista encontrou resistências, mas animou a criação de obras inovadoras. Desde o final da década de 1880 as obras de simbolistas franceses, entre eles Baudelaire e Mallarmé, e portugueses, como Antonio Nobre e Camilo Pessanha, vinham influenciando grupos como aquele que se formou em torno da Folha Popular, no Rio, liderado por Cruz e Souza e integrado por Emiliano Perneta, B. Lopes e Oscar Rosas. Mas foi com a publicação, em 1893, de Missal, livro de poemas em prosa, e Broquéis, poemas em versos, ambos de Cruz e Souza, que principiou de fato o movimento simbolista no país - embora a importância desses livros e do próprio movimento só tenha sido reconhecida bem mais tarde, com as vanguardas modernistas.

Entre as inovações formais que caracterizam o Simbolismo estão a prática do verso livre, em oposição ao rigor do verso parnasiano, e o uso de "uma linguagem ornada, colorida, exótica, poética, em que as palavras são escolhidas pela sonoridade, ritmo, colorido, fazendo-se arranjos artificiais de parte ou detalhes para criar impressões sensíveis, sugerindo antes que descrevendo e explicando", de acordo com Afrânio Coutinho.

Traços formais característicos do Simbolismo é a musicalidade, a sensorialidade, a sinestesia (superposição de impressões sensoriais). O antológico poema Antífona, de Cruz e Souza, é exemplar nesse sentido; sugestões de perfumes, cores, músicas perpassam todo o poema, cuja linguagem vaga e fluida é plena de recursos sonoros como aliterações e assonâncias.

É importante lembrar que as correntes simbolistas e parnasianas coexistiram e se influenciaram mutuamente; assim, há na obra de adeptos do Simbolismo traços da estética parnasiana e, do mesmo modo, impregnações simbolistas na obra de poetas ligados ao Parnasianismo, como Francisca Júlia.

 

Referências Bibliográficas


 

  • BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1999.

  • BOSI, Alfredo. A História Concisa da Literatura Brasileira. 44. Ed. São Paulo: Cultrix, 2004.


    Wanderson Vicente da Silva

    4° Período-Letras

    Literatura Brasileira II

  • MOISES, Massaud. Literatura Brasileira através de Textos. 24. Ed. São Paulo: Cultrix, 2004.


 

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