Alunos do 5º Período do Curso de Letras Da Faculdade São MIguel

Alunos do 5º Período do Curso de Letras Da Faculdade São MIguel

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM NOS SABERES DA PRÁTICA COTIDIANA DO EDUCADOR.


Luciano Gomes

Aluno de Letras Português/Inglês – 1º período

Disciplina: Teoria e Prática de Texto

Prof.ª Silvana
           

            A linguagem é tão antiga quanto o é a existência humana. Nós seres humanos, estabelecemos relações muito complexas uns com os outros, por meio de gestos, posturas, olhares, sons, contato físico, olfato. Entretanto, a comunicação, que é uma capacidade inerente a todos os seres vivos, parece ser negligenciada por uma postura superior adotada pelos docentes. Nesta via, que não é de mão única, compreender e ser compreendido naquilo que pretendemos expressar por meio da fala, deve nos sensibilizar ao ponto de considerarmos as nossas práticas cotidianas de aprendizagem, corroborando com esta ideia permita-me dar o exemplo do que foi dito pelo prof. Vicente Masip em um curso de capacitação para educadores na UFPE:
A criança ingressa na escola falando perfeitamente o português. Esse fato extraordinário, porém; pouco sensibiliza os alfabetizadores, preocupados apenas por ensinar seus alunos a ler e escrever. [Curso de: Fonologia e ortografia portuguesas, ministrado pelo Prof. Vicente Masip por ocasião de um projeto de extensão na UFPE em Julho de 2010 no auditório do CAC]

            Nós professores temos incutido em nossa formação o reproduzir o que aprendemos, de sorte que; tirar esse manto que encobre os prazeres do ensino/aprendizagem é descobrir que a vida é rica em ensinar coisas que não se aprendem na escola, e é preciso que professores e alunos partilhem saberes que irão constituir uma educação significativa e prazerosa. Se eu sei escutar bem, é óbvio que saberei responder bem. Nesta Via de mão dupla, a comunicação pela linguagem cotidiana do educador e educando, deveria fazer parte fundamental nos saberes do educador. Esta dificuldade de interagir é um problema da educação tradicional arraigada em nossa formação como diz (ALVES, 2010, p.27): “O aprendizado do ouvir não se encontra em nossos currículos. A prática educativa tradicional se inicia com a palavra do professor.”

             Para que haja uma mudança dentro deste trânsito que é a comunicação entre aluno e professor, é necessário ouvir mais os nossos alunos, perceber suas habilidades, detectar suas dificuldades e reconhecer que suas habilidades são o produto desta relação e interação. O fator primordial neste processo de aprendizagem é a linguagem interativa entre o aluno e professor, uma prática cotidiana negligenciada em muitas salas de aula. O que deveria ser um processo natural, assim como é o processo do aprendizado da fala da criança, por meio de uma interação social inicialmente com os seus pais, e na sequência esta interação e comunicação por meio da comunicação verbal entre os colegas de classe. Logo, o professor não deve ser visto como um computador ou uma enciclopédia ambulante, assim também a criança não de ser vista meramente como um pen drive, que deve ser formatado e carregado de material e conhecimentos moldados: 

A criança é vista como material a ser moldado. Os conhecimentos que traz, as informações que possui, as relações que estabelece, as habilidades que desenvolve em seu cotidiano, o fato de ser um sujeito participante da vida social, e que pertence a uma determinada classe, não são consideradas na pré-escola. Sua vida não é reconhecida como objeto de conhecimento e real articuladora de seu conhecimento sobre o mundo. (Esteban, 2001. p.25)

            Deste modo, a preparação dos educadores deve receber uma especial atenção, devido ao elevado grau de relevância em suas funções. O papel do profissional educador na sociedade é vital para a formação do indivíduo na sociedade, ele não prepara apenas outros profissionais qualificados em diversas áreas das ciências, ele lida com vidas, pessoas, não com máquinas. A relevância disto está na responsabilidade de lidar com indivíduos que serão o futuro de uma nação, homens e mulheres aptos a viverem e relacionarem-se bem em sociedade. O profissional educador deve ser competente em oferecer ferramentas que possibilitem a interação social da criança em sua fase estrutural fundamental, os erros praticados pelos educadores nesta fase do aprendizado da criança podem trazer graves consequências para esta criança.
 
“A primeira infância é um momento em que as estruturas fundamentais da pessoa são organizadas. Os erros educativos nessa fase têm, portanto, consequências das mais graves. É preciso oferecer aos professores da educação infantil um elevado nível de formação”.(Perrenoud, 2008, p.89)
 
            Portanto, promover ações que possibilitem aos profissionais educadores uma melhor interação por meio da linguagem comunicativa é fazer com que, em suas práticas cotidianas, o trânsito flua sem congestionamentos. Metaforicamente falando isto significa que, a comunicação exige um vasto repertório de habilidades em um processamento intrapessoal e interpessoal, ouvir, observar, falar, questionar, analisar e avaliar. Estas habilidades deve fazer parte do grande repertório de competências pedagógicas do educador, negligenciar ou simplesmente ignorar estas habilidades é quebrar um carro em uma grande avenida no horário de pico. Compete deste modo, aos educadores, deixarem fluir este trânsito.
 
Bibliografia e fontes:

1. ALVES, Rubem. Educação dos sentidos e mais... 6ª Edição. Campinas SP. Ed. Verus, 2010.
2. PERRENOUD, Philippe. Dez novas Competências para ensinar. Reimpressão 2008, Porto Alegre: Editora Artmed, 2000.

3. Maria Teresa Esteban é Doutora em Educação pela Universidade de Santiago de Compostela e Professora da Faculdade de Educação da UFF. Disponível em: http://www.professorthometavares.com.br/downloads/Dos%20saberes%20a%20pratica%20pedagogica%20na%20educacoo%20infantil.pdf

4. Curso de: Fonologia e ortografia portuguesas, ministrado pelo Prof. Vicente Masip por ocasião de um projeto de extensão na UFPE em Julho de 2010 no auditório do CAC.